Por Glauber Rodrigues de Souza
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Em 2001 foi lançado a 3ª edição do Roteiro de Aracaju, de autoria do poeta e escritor sergipano Mário Cabral, pela Secretaria de Estado da Cultura. Sendo considerado um roteiro turístico da cidade de Aracaju nos anos 40, a obra retrata aspectos cotidianos, pessoas simples, festas populares e locais de diversão.
Cabral, no ensaio, expressa o seu saudosismo e romantismo por uma Aracaju do passado, na qual tudo parecia exalar poesia e canto. Ele está relatando, no texto, todas as belezas, encantos, sutilezas e simplicidade da capital sergipana para uma mulher, chamada apenas de "amiga". Dessa forma, o leitor sente-se informado através de linguagem simples e poética, notando as comparações metafóricas para descrever a cidade.
Inicialmente, o autor apresenta ao leitor a sua cidade, descrevendo a luz(sol) e o céu. Nestes aspectos afirma sua paixão por Aracaju, afirmando que "é o céu mais lindo do mundo". Em seguida, ele faz um recorte histórico da origem do nome da cidade, além da sua fundação, da aquisição do status de capital, sua evolução e a situação contemporânea. Segue o texto descrevendo valores e qualidades do povo sergipano, um povo guerreiro, forte e trabalhador. Na medida em que o autor exalta sua terra, ele também exalta sua gente. E seu foco preferido na narrativa é o povo, mostrando que à medida que a cidade cresce, evolui, progride, também aumenta a desigualdade social, e os excluídos invadem as ruas, ficando à margem de uma sociedade preconceituosa, seja em quisitos de raça, religião ou nível social. Assim fica evidenciada uma contradição presente na obra, enquanto o autor descreve a cidade idealizando-a com diversas qualidades, ele não consegue escapar dos problemas enfrentados pela Aracaju dos anos 40.
Por trás de toda beleza, poesia e romantismo presente no texto, observa-se uma sociedade amedrontada com a sombra da Segunda Guerra Mundial; disciplinada com horários impostos pelo regime autoritário, e pela moral e honra, cravados no inconsciente da população; mas também, uma sociedade das noitadas nos cabarés e prostíbulos da cidade. Enfim, é uma sociedade diversificada, atrelada à mentalidade da população e à influência internacional.
Em suma, Mário Cabral apresenta poeticamente o cotidiano da sua cidade, sendo este um roteiro para uma amiga indeterminada , no qual o autor exalta qualidades e destaca o teu saudosismo por uma época que não volta mais. Para ele, Aracaju é uma cidade provinciana, repleta de encantos. E todos os seus cantos exalam poesia e romance.
CABRAL,Mário. Roteiro de Aracaju. Aracaju: Banese.2001.
Parabéns Glauber pelo texto referente a essa obra de Mário Cabral, gostei muito de como ele apresenta poeticamente o cotidiano da cidade nos anos 40,apresentando duas faces da cidade ao se dirigir a uma mulher dita apenas como "Amiga"deixando um tom de mistério,fiquei instigado a ler essa obra que parece ser tão fascinante aos olhos não só de quem gosta de aracaju mais de um belo texto com tom poético...
ResponderExcluirIgor Diniz