O Programa de Ações Afirmativas (Paaf) divulgou o primeiro relatório sobre os impactos da adoção das cotas na UFS. Com o título “As cotas da UFS não provocam degradação do ensino”, o estudo analisa a taxa de abandono dos alunos, reprovação por falta e desempenho acadêmico (média geral ponderada). Os dados coletados do sistema acadêmico referem-se a 2010.1, período de inauguração das cotas na instituição. As informações de 2010.2 ainda encontram-se em análise.
“Ainda é cedo para tecermos comentários definitivos ou embasados por uma base de dados mais sólida e temporalmente mais longeva, contudo, os dados disponíveis indicam claramente que a implantação do sistema de reserva de vagas para alunos de escolas públicas e não-brancos não teve impactos significantemente negativos (exceto em certos cursos específicos, como em geral nos cursos das áreas de exatas) no desempenho acadêmico do conjunto da universidade”, consta, em sua conclusão, o relatório elaborado pelo professor Paulo Neves, coordenador do Paaf.
O sistema de reserva de vagas da UFS destina 50% das cadeiras a estudantes de escolas públicas municipais, estaduais ou federais. Destas, 70% são reservadas a estudantes que se auto-declaram pardos, índios ou afro-descendentes, correspondendo a 35% do total de vagas.
Cada curso de graduação oferta, ainda, uma vaga para candidatos portadores de necessidades educacionais especiais. No vestibular de 2011, ocorrido em dezembro de 2010, a UFS ofertou 5.260 vagas em 102 opções de cursos.
Veja abaixo alguns trechos do relatório:
- Taxa de abandono dos alunos
“Um dos principais argumentos avançados contra a introdução do Paaf era que os alunos oriundos do sistema de cotas, por contingências materiais muito mais prementes, seriam obrigados a abandonar os cursos em maior número que os alunos não cotistas. O que os dados analisados nos mostram é que esse fenômeno não se verificou, sendo que no geral a tendência para o abandono dos cursos é ligeiramente superior entre os alunos não cotistas, tanto no que se refere à UFS como um todo quanto em relação aos cursos mais concorridos, a exemplo dos cursos do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas (CCET), onde os não cotistas, embora sejam um pouco menos que 50% dos alunos aprovados no vestibular, foram responsáveis por 54% dos abandonos de cursos”.
- Reprovação por falta
“Também no quesito reprovações por falta os alunos não cotistas apresentaram taxas superiores aos alunos cotistas, com cerca de 56% do total de reprovações por falta na universidade. Isso se deu provavelmente pelas mesmas razões que explicam as maiores taxas de abandono dos cursos pelos não cotistas. De todo modo, o que se pode afirmar é que eles também foram os que mais tiveram reprovações por falta no primeiro período de 2010. Aqui, as exceções ficariam por conta de alguns cursos tecnológicos. Nos cursos de engenharias, por exemplo, em geral os alunos cotistas reprovam mais por faltas que os não cotistas”.
- Desempenho acadêmico
“Se tomamos como parâmetro as médias gerais ponderadas de todos os alunos da UFS, percebe-se que em um contexto de médias ponderadas relativamente baixas para todos os grupos de entrada no vestibular, as diferenças entre a média de todos os alunos e os alunos das cotas para escolas públicas são inferiores a 0,4 pontos. Assim, por exemplo, enquanto a média ponderada de todos os alunos que ingressaram em 2010 (cerca de 3.443) era de 5,8, a dos alunos que ingressaram pelas cotas C (alunos afro-descendentes oriundos de escolas públicas) era de 5,7 (apenas um décimo abaixo da média geral). Já os alunos da cota B (alunos oriundos de escolas públicas independente de origem racial) tiveram média de 5,5 e os da cota D (deficientes) 4,3. Como se vê, os alunos das cotas B e C não apresentam uma grande diferença em relação à média do conjunto do alunado e nem mesmo em relação aos alunos que entraram sem cotas (A), cuja média foi de 5,9. O grupo que apresenta maiores distâncias em relação à média geral é o grupo oriundo das cotas D (para portadores de deficiências), o que, em parte, pode estar relacionado à adaptação necessária da UFS e de sua comunidade acadêmica às necessidades especiais desse grupo”.
- Desempenho em cursos competitivos
“Na maioria dos cursos da UFS não houve grandes disparidades entre as notas obtidas entre cotistas e não cotistas. Mesmo em cursos altamente competitivos, como Medicina e Odontologia, as diferenças foram menores do que previstas pelos críticos mais acerbos: em Medicina, os não cotistas tiveram média de 8,2 enquanto os cotistas B obtiveram a média de 8,1, enquanto que em Odontologia os alunos da cota B tiveram média 7,2 , superior à média dos não cotistas (6,5). Ainda aqui, a exceção ficou por conta dos cursos da área de exatas, no CCET, onde em geral as diferenças das médias ponderadas entre cotistas e não cotistas foram relativamente mais importantes que nos outros centros, os não cotista obtendo em alguns cursos médias superiores a 1 ponto às médias dos cotistas”.
“Ainda é cedo para tecermos comentários definitivos ou embasados por uma base de dados mais sólida e temporalmente mais longeva, contudo, os dados disponíveis indicam claramente que a implantação do sistema de reserva de vagas para alunos de escolas públicas e não-brancos não teve impactos significantemente negativos (exceto em certos cursos específicos, como em geral nos cursos das áreas de exatas) no desempenho acadêmico do conjunto da universidade”, consta, em sua conclusão, o relatório elaborado pelo professor Paulo Neves, coordenador do Paaf.
O sistema de reserva de vagas da UFS destina 50% das cadeiras a estudantes de escolas públicas municipais, estaduais ou federais. Destas, 70% são reservadas a estudantes que se auto-declaram pardos, índios ou afro-descendentes, correspondendo a 35% do total de vagas.
Cada curso de graduação oferta, ainda, uma vaga para candidatos portadores de necessidades educacionais especiais. No vestibular de 2011, ocorrido em dezembro de 2010, a UFS ofertou 5.260 vagas em 102 opções de cursos.
Veja abaixo alguns trechos do relatório:
- Taxa de abandono dos alunos
“Um dos principais argumentos avançados contra a introdução do Paaf era que os alunos oriundos do sistema de cotas, por contingências materiais muito mais prementes, seriam obrigados a abandonar os cursos em maior número que os alunos não cotistas. O que os dados analisados nos mostram é que esse fenômeno não se verificou, sendo que no geral a tendência para o abandono dos cursos é ligeiramente superior entre os alunos não cotistas, tanto no que se refere à UFS como um todo quanto em relação aos cursos mais concorridos, a exemplo dos cursos do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas (CCET), onde os não cotistas, embora sejam um pouco menos que 50% dos alunos aprovados no vestibular, foram responsáveis por 54% dos abandonos de cursos”.
- Reprovação por falta
“Também no quesito reprovações por falta os alunos não cotistas apresentaram taxas superiores aos alunos cotistas, com cerca de 56% do total de reprovações por falta na universidade. Isso se deu provavelmente pelas mesmas razões que explicam as maiores taxas de abandono dos cursos pelos não cotistas. De todo modo, o que se pode afirmar é que eles também foram os que mais tiveram reprovações por falta no primeiro período de 2010. Aqui, as exceções ficariam por conta de alguns cursos tecnológicos. Nos cursos de engenharias, por exemplo, em geral os alunos cotistas reprovam mais por faltas que os não cotistas”.
- Desempenho acadêmico
“Se tomamos como parâmetro as médias gerais ponderadas de todos os alunos da UFS, percebe-se que em um contexto de médias ponderadas relativamente baixas para todos os grupos de entrada no vestibular, as diferenças entre a média de todos os alunos e os alunos das cotas para escolas públicas são inferiores a 0,4 pontos. Assim, por exemplo, enquanto a média ponderada de todos os alunos que ingressaram em 2010 (cerca de 3.443) era de 5,8, a dos alunos que ingressaram pelas cotas C (alunos afro-descendentes oriundos de escolas públicas) era de 5,7 (apenas um décimo abaixo da média geral). Já os alunos da cota B (alunos oriundos de escolas públicas independente de origem racial) tiveram média de 5,5 e os da cota D (deficientes) 4,3. Como se vê, os alunos das cotas B e C não apresentam uma grande diferença em relação à média do conjunto do alunado e nem mesmo em relação aos alunos que entraram sem cotas (A), cuja média foi de 5,9. O grupo que apresenta maiores distâncias em relação à média geral é o grupo oriundo das cotas D (para portadores de deficiências), o que, em parte, pode estar relacionado à adaptação necessária da UFS e de sua comunidade acadêmica às necessidades especiais desse grupo”.
- Desempenho em cursos competitivos
“Na maioria dos cursos da UFS não houve grandes disparidades entre as notas obtidas entre cotistas e não cotistas. Mesmo em cursos altamente competitivos, como Medicina e Odontologia, as diferenças foram menores do que previstas pelos críticos mais acerbos: em Medicina, os não cotistas tiveram média de 8,2 enquanto os cotistas B obtiveram a média de 8,1, enquanto que em Odontologia os alunos da cota B tiveram média 7,2 , superior à média dos não cotistas (6,5). Ainda aqui, a exceção ficou por conta dos cursos da área de exatas, no CCET, onde em geral as diferenças das médias ponderadas entre cotistas e não cotistas foram relativamente mais importantes que nos outros centros, os não cotista obtendo em alguns cursos médias superiores a 1 ponto às médias dos cotistas”.
FONTE: www.ufs.br
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